Além dessas ações, a promotoria de Justiça de Barreirinhas, cujo titular é o promotor José Márcio Maia Alves, propôs ainda quatro ações: uma civil pública por ato de improbidade administrativa contra o ex-prefeito Milton Dias Rocha Filho, que concedeu ao arrepio da lei os aforamentos ilegais; uma ação penal por crime de responsabilidade, contra o ex-prefeito Milton Dias, com base no Decreto-Lei nº 201/67, e, outras duas penais também por crime de responsabilidade contra os ex-prefeitos José de Jesus Rodrigues de Sousa e, José de Ribamar de Castro Ramos.
As ações são frutos de 5 meses de investigação e tiveram início com o recebimento de um relatório, resultante de auditoria nos livros de registro imobiliários do cartório de Barreirinhas e nos livros de aforamentos do município. A auditoria, promovida pela Corregedoria-geral de Justiça, apontou indícios de irregularidade em mais de 1.500 aforamentos. As irregularidades vão desde registros de aforamentos fora do prazo legal até beneficiamentos de empresas e enriquecimento ilícito de particulares. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público e a Corregedora-geral, Selene Coelho de Lacerda, enviou-o ao promotor de Barreirinhas pedindo providências.
O promotor de Justiça de Barreirinhas conta que devido à dimensão do trabalho, o qual significaria a análise e providências sobre mais de 1.500 casos, pediu apoio à Procuradoria Geral de Justiça e à Corregedoria Geral do Ministério Público, que designaram o promotor de Justiça titular de Humberto de Campos, Carlos Augusto Soares para auxiliá-lo, além da designação de servidores das promotorias de Santa Luzia, Matinha e São Vicente Férrer para darem apoio operacional aos trabalhos das investigações.
José Márcio instaurou nove procedimentos administrativos para investigar as denúncias. Em oito procedimentos preparatórios, o promotor investigou irregularidades em aforamentos concedidos a particulares e empresas, enquanto em um procedimento investigatório criminal (PIC), investigou o extravio do livro de aforamentos da Prefeitura Municipal, referente ao ano de 2008.
Após a conclusão desta primeira fase de investigação que resultou nas 840 ações civis públicas, o Ministério Público pediu o bloqueio imediato da movimentação dos registros imobiliários investigados e, no mérito, a declaração de nulidade dos negócios jurídicos envolvendo os aforamentos, registrados ou não, com incorporação dos imóveis ao patrimônio do município e a perda de construções e plantações feitas de má-fé pelos supostos foreiros antes da formalização, mesmo que ilegal, dos aforamentos. Nos casos em que foram feitas benfeitorias após os aforamentos, o Ministério Público pede a perda delas em favor do município mediante justa indenização.
De acordo com o Promotor de Justiça as investigações prosseguem na promotoria acerca dos aforamentos concedidos a algumas empresas, bem como a respeito da propriedade de áreas públicas atribuídas a alguns investigados. Nesses casos, os investigados serão convocados para se explicarem à promotoria. Ele também lembra que há ainda uma investigação criminal contra o ex-Oficial do Cartório de Registros de Barreirinhas, Raimundo Nonato Castro Carvalho, que tramita na promotoria sob a presidência do promotor Carlos Augusto Soares.